terça-feira, 24 de dezembro de 2013

UM AUTO DE NATAL - COMO CONHECI JESUS


UM AUTO DE NATAL – COMO CONHECI JESUS 

    


I - Introdução:

          Quando conheci Jesus, conheci o verdadeiro amor. Não aquele de que nos falam os poetas, os religiosos, ou os filósofos. Mas um sentimento tão intenso e liberto de qualquer interesse, que por si só tem a capacidade de se corporificar e de se transformar em um de nós para se dar a nós. E somente um ser infinitamente superior a tudo o que nós conhecemos nesse mundo dos sentidos a que estamos presos é capaz de realizar-se em sentimento sem amarras e sem barreiras. Talvez por isso alguns o denominem de o “Deus de Amor”.
            Quando alguém se sente amado com um amor igual ao que Jesus significa, não se conforma mais em sentir-se amado de outra forma e nem se compraz em amar de outra forma que não seja essa — é justamente essa  dupla via que procuramos buscar em nós e nos outros  e concluímos não sermos capazes ainda  de  proporcioná-la aos nossos próximos, assim como não conseguimos ainda  encontra-la nos outros seres humanos os quais conhecemos. E esse sentimento nos faz ter noção de quão inferiores somos e quanto devemos evoluir para chegarmos a entender a felicidade e a paz que obteremos em nosso Planeta, enfim, o paraíso na Terra, com que Ele nos acenou em seus vários ensinamentos, especificando a forma de  chegarmos até lá, quando nos disse :
 
                              Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. (João, 14:6)

            Hoje, depois de muito ter vivido, presenciado e agido, consegui entender todo o sentido de minha ansiedade para  alcançar o sentido da vida  e que somente poderia  vê-la saciada através de um conhecimento que não nos vem dos livros e das ciências que estudamos,  mas da vivência  desses conhecimentos na prática da vida: assimilando a existência  mais com o coração do que com o cérebro, entendendo que o segundo é um instrumento capaz de nos indicar  formas de ação neste nosso ambiente, para então podermos ter as necessárias experiências imateriais para propostas de mudanças na  visão de um Supremo Bem que só pode existir  entre nós se  cuidarmos o suficiente  para alcança-lo — entendendo-se “suficiente” como  todo o necessário e possível que possamos atingir de superior em nossa condição.
            Em nossos dias, finalmente pudemos observar  que o ser humano atual , o Homo sapiens, não é o produto final de uma evolução, conforme o entendimento da Idade Média e que se consolidou  na Idade Moderna, com o Renascimento  da Cultura Clássica que nos guindou à categoria de ser supremo na Terra, como corolário do Deus Supremo do Universo,  para administrar todo o Cosmos. E isso conseguimos com uma simples observação, advinda da descoberta do DNA (ácido desoxirribonucleico), cuja pesquisa demonstrou a pequena diferença entre o nosso e o daquele de um simples verme, de um cão, de um gato, de uma abelha, de um macaco, de um crocodilo, para falarmos do reino animal, que conhecemos melhor do que os outros.

            Então tivemos também uma revelação sobre animais e insetos sociais, que existem na Terra desde muitos milênios anteriores a nós, que não têm mais evolução, em comparação conosco, segundo Darwin e sua teoria evolucionista aceita pela maioria dos cientistas. Trata-se do seguinte:
 
 

No DNA de uma abelha já vem  estabelecido todo o conhecimento de que necessita para executar a função que a Natureza tridimensional em que vivemos lhe exige. Ela já nasce com o conhecimento completo para tanto. Não necessita de estudos, de  indagações existenciais ou de  discussões sobre o que seja o amor, a esperança e a caridade : apenas e tão somente porque ela já atingiu a sua perfeição para a finalidade a que se destinou, através das inúmeras experenciações de suas gerações anteriores.

No DNA de um ser humano vem estabelecida tão somente a sua capacidade de aprender e um mínimo de conhecimento para os primeiros dias, mais instintivos do que cognitivos. Sim, porque precisamos acumular o conhecimento para podermos viver. E por que, se somos seres sociais, assim como as abelhas?  Tão somente porque necessitamos acumular as experiências necessárias ao enriquecimento do nosso inconsciente coletivo, a fim de que as próximas gerações possam agir de maneira mais eficaz para o fim que a Natureza nos propôs, sem perder mais tempo com aprendizados, tão necessários ainda em nossa iniciante fase evolutiva – se é que antevemos um futuro grandioso, apesar de nosso presente apresentar-se vergonhoso. Talvez não somente a Natureza existente neste Planeta tridimensional dominado pelo que se pode entrever através de nossos sentidos, mas para uma finalidade maior, que os religiosos denominam de perfeição  espiritual, os filósofos de meta de vida e, os cientistas, de evolução. Não sabemos ainda qual é essa finalidade, mas, certamente  não chegamos ainda  até lá, pois se tivéssemos atingido a nossa perfeição, não necessitaríamos mais aprender.

            Foi entendendo, finalmente, tudo isso, que consegui alcançar  a grandeza daqueles seres humanos  que vieram a esse mundo e procuraram nos mostrar um caminho  para chegarmos a uma meta de perfeição tal que possamos empreender  a atividade para a qual a nossa vocação foi estabelecida. Mas somente o consegui utilizando-me do meu livre arbítrio em desejar alcança-la ou não, independentemente de saber qual seja: de qualquer sorte, se Aquele que estabeleceu o desenho de um  DNA, seja  qual  for a religião que professemos, ou se  formos apenas céticos à procura de uma razão de existir, é certo que  somos impulsionados a uma escolha em direção  a uma meta final. No meu caso específico, o caminho que escolhi foi Jesus, isto é, a procura da capacidade de  amar, assim como Ele nos ensinou — não o Jesus religião, não o Jesus homem, não o Jesus Deus, mas o Jesus Mestre, que mostrou o que é o caminho, a verdade e a vida, com o seu próprio exemplo,  que nos aproximará daquele paraíso que procuramos, aqui mesmo na Terra : junto ao nosso Pai, ou seja, O que nos acolhe, que nos ama e  que nos aguarda. Mas, para chegarmos até lá, muito esforço deve ser dispendido.
           
2. Como Jesus entrou em minha vida
                                   
 
          Lembro-me, como se tudo tivesse ocorrido hoje, dos fatos que abriram meu coração para o mundo. Eu tinha seis anos de idade e foi um dia memorável e o seria para qualquer ser humano.
         Minha família residia em Belo Horizonte, e era dezembro.  Meu pai era um executivo de uma empresa financeira internacional e levávamos uma vida agradável, sem riquezas, pois éramos da classe média,  mas cercados de vizinhos e amigos.  Eu e meus dois irmãos mais velhos, dois rapazinhos, pois a diferença de idade entre mim e eles era grande, vivíamos com a alegria de estarmos em um ambiente mental e espiritualmente sadio, recebendo as lições de moral e ética de nossos pais, necessárias para a nossa vida como adultos, estudando em bons colégios e frequentando locais de distração que nos proporcionavam educação e entretenimento.

            Naquele dia eu carregava em meus braços duas bonecas: eram pequenas, mas eu as amava muito, principalmente a que parecia um bebê. Uma fora do Natal do ano passado e a outra do anterior. Eu e minha mãe estávamos no jardim, olhando para a rua, uma ladeira tranquila, onde passavam poucas pessoas e viaturas. Foi quando eu vi um casal e dois filhinhos, um menino e uma menina, todos maltrapilhos, que pararam em uma das casas em frente e pediram uma ajuda. Eu nunca vira umas pessoas naquele estado.

            Então perguntei à minha mãe: “Por que eles estão vestidos assim, com roupas rasgadas e estão pedindo ajuda? Por que se vestem assim e não como nós?” E ela respondeu: “Lia, nem todas as pessoas têm condições de ter uma casa e roupas como nós, pois, neste mundo, nem todas as pessoas conseguem trabalho e dinheiro suficiente, como o seu pai, para manter uma família”. Então olhei para eles e retorqui: “Mas por que eles não pedem ao “Papai Noel” para trazer tudo o que precisam?” E ela, novamente com a sinceridade às vezes acre que lhe era peculiar, mas que muito me serviu para conhecer e entender os fatos da vida, respondeu: “Minha filha, já que você perguntou, é hora de você saber a verdade, para que não fique pensando mal das coisas santas ou ilusões sobre o que não existe: “Papai Noel” não existe, é uma criação da imaginação dos pais para poderem ver seus filhos alegres com presentes que eles pensem que não vieram desse mundo. Somos eu e o seu pai que sempre compramos os seus presentes e ficamos felizes de ver sua felicidade. Nós já compramos a sua nova boneca, para este Natal. Aquelas pessoas que você está vendo não têm dinheiro para comprar presentes, coitados, nem roupas, nem comida – então não é culpa de “Papai Noel”, mas das condições sociais que não lhes permitem ter uma vida boa como a nossa”.
            Aquela revelação de que “Papai Noel” não existia deixou-me chocada. Mas, instantaneamente, senti uma dor no coração e o meu cérebro conheceu uma verdade imaterial: a Justiça. E foi essa descoberta que não entendi na ocasião, mas que ficou inculcada em meu ser e mais tarde dirigiu a minha vida profissional e espiritual, que me fez responder: “Mamãe, mas eles também tinham de ter condições de comprar os brinquedos e as roupas para os filhos deles, eles são iguais à gente. Eu não quero mais as minhas bonecas, eu vou dar todas elas a eles, vocês vão me dar outra, e eu vou ficar sempre lembrando que eles não têm e eu tenho”. Saí correndo para dentro de casa e botei num cesto que havia em meu quarto todas elas, inclusive aquele bebê, de que eu tanto gostava.

 

     
            Minha mãe correu atrás de mim e me disse que eu desse somente a   metade e não desse o bebê. Perguntei por que e ela respondeu-me que Jesus disse para dividirmos, e, não, ficarmos sem nada, tirou várias bonecas do cesto e foi ela mesma entregar as outras  ao casal, que a essa altura batia à nossa porta, dizendo para eles  que era o presente de Jesus no dia do seu nascimento, e lhes deu alguma quantia em dinheiro — eu fiquei na janela, apenas observando de longe, com um sentimento estranho, que não era nem alegria nem tristeza, apenas um vazio no coração. Eu não compreendi na ocasião, mas ocorrera o que hoje em dia os psicólogos chamam de “a perda da inocência”. Sim, eu chegara, então, à idade em que todos os seres humanos, quer na infância, quer na idade adulta,  ou até mesmo apenas em seu leito de morte, entendem que a vida nesse mundo, conforme a fazemos, é injusta. 
 
3. Como conheci Jesus
 
 
          Ouvi, então, pela primeira vez falar de Jesus pela boca da minha mãe terrena, às vésperas de Natal. Era muito criança, ainda. Nos dias que se seguiram, de festas, não tive muito tempo de deter-me a pensar no assunto. Mas impressionou-me  mamãe falar assim no nome daquela pessoa como sendo uma grande autoridade que  dissera para dividir com o próximo e que se devia obedecê-lo. E eu, com a mente infantil, talvez o substituindo pelo “Papai Noel” que morrera, obedeci-o, como uma grande esperança para minha segurança pessoal: até porque, sendo a mãe e o pai as autoridades máximas que até então conhecera, soube que existia uma ainda maior.

            Mas, de vez em quando, voltava-me aquele nome à cabeça e aquela frase que mamãe  me disse que era dele. Em janeiro do ano seguinte comecei a estudar a primeira série em um colégio leigo, já tendo ido alfabetizada por ela, que era professora primária. E não ouvi ali aquele nome nem o li nos livros que me entregaram para estudar. E, sendo assim, minha curiosidade começou a ficar muito aguçada.
            Não era hábito em minha família fazer-se festa de aniversário, como não foi a vida toda e nem mesmo nos dias de hoje o comemoro dessa forma. Não sei a razão, é uma questão de hábito ou de costume, mas o certo é que se fazia sempre um grande almoço, convidando-se os parentes mais chegados. E, ali em Belo Horizonte, não possuíamos nenhum, pois todos estavam no Norte ou no Rio de Janeiro, para onde nos mudamos cinco anos depois. Sendo assim, no dia do meu aniversário de sete anos, em fevereiro, acabado o almoço, papai lendo na sala, os irmãos brincando com coleguinhas, ficamos, eu e mamãe, na varanda. Foi quando lhe perguntei: “Mamãe, quem é Jesus?” Ela, então, fez uma breve narrativa da sua história, adaptada naturalmente para a minha idade, sem qualquer conotação religiosa, até porque ela e papai haviam combinado não interferir  nas escolhas religiosas dos filhos, embora lhes dessem uma educação de princípios cristãos, como de fato eles eram.
 
            No início, fiquei muito alegre, escutando sobre os pais de Jesus, seu nascimento cercado de acontecimentos extraordinários, as mais belas frases que a Bíblia nos traz dele, que ela dizia de maneira a que eu compreendesse. Mas quando chegou a parte da traição de Judas, fiquei muito triste e comecei a interromper, perguntando sempre o “por que” de tudo o que ocorria. E, quando chegou ao clímax de sua condenação e morte, eu estava chorando, um pranto sofrido, vindo do fundo do coração, com as lágrimas saltando dos olhos aos borbotões. Mamãe passou logo para a ressurreição, mas, na verdade, nem escutei direito e nem mesmo entendi. Meu pai, ouvindo o meu pranto, veio ver o que se passava e eu então, entre lágrimas perguntei a ele: “Por que um homem tão bom, que só amava as pessoas sofreu tanto?” Ele respondeu-me que eu era muito nova para entender aquilo, mas que eu me lembrasse sempre de  que, por causa dele, nós evoluímos muito como seres humanos e já podíamos  ter muita coisa boa, mas que era preciso que eu, quando crescesse, também fizesse a minha parte de bem neste mundo, para um dia me encontrar com ele. Fiquei então mais conformada, diante da ideia de que algum dia poderia encontrar aquela pessoa tão maravilhosa. E foi aí que me apaixonei perdidamente por Jesus e procurei estudar  e ler tudo o que havia a seu respeito. E depois, quando fiquei adulta, adotei-o como meu Mestre (não sei se algum dia merecerei que ele me adote como discípula, mas faço tudo, desde então, para merecer tamanha honraria e felicidade).
 
4. O meu Jesus de hoje
                                                  

                                            
            Como vocês já devem ter concluído, sou cristã.  Em minha espiritualidade, encontrei o ecumenismo e, em outras religiões que estudei, encontrei princípios maravilhosos capazes de fazer melhorar o espírito humano e encaminhá-lo para um bem superior. Também entre céticos e ateus que conheci reconheci em seus pensamentos e seus modos de proceder princípios de elevada espiritualidade que eles negam mas, com certeza praticam porque se acostumaram, nos meios onde conviveram, a escutá-los e segui-los, mesmo que não soubessem de onde partiam. Mantive amizade com duas pessoas declaradamente ateias, junto às quais estive em ocasiões próximas a suas mortes e, nesses momentos, antevendo o seu fim, pude escutar de uma delas a frase: “Deus tenha piedade de mim” e, da outra, a afirmação de que  passara a vida  negando sempre Deus, mas que negava apenas aquele ser personificado como imagem e semelhança nossa, mas que agora, em seus momentos finais , e sabendo que eu a compreenderia, afirmou-me que existe sim, um Deus Absoluto, que não tem forma nem temos condições mentais ainda de entender, mas o seu grande desejo era de um dia unir-se a Ele, e que deixava essa informação como um presente de sua partida.
 
            Enquanto  li os livros religiosos, tive a ideia de Jesus ser um homem com um aspecto sério, que vivesse exclusivamente  dentro das próprias  palavras que pronunciava e, assim, venerei-o como se venera  alguém inatingível e a quem se deve dirigir palavras e pensamentos  em momentos de grande meditação e seriedade. Mas eu achava que essa definição do homem que ele foi não podia condizer com a realidade, porque uma pessoa assim só poderia ser feliz, a não ser que  só se lembrasse de como seria o seu fim. E como o seu fim seria trágico, certamente seria uma pessoa triste. Mas a própria Bíblia nos conta que ele teve uma vida humana, antes e depois de iniciar o seu sacerdócio, de escolher seus discípulos. E foi assim que procurei em todas as partes, em livros e em narrativas de evangelhos não constantes do Livro Sagrado, ter uma descrição  de sua personalidade, pois era um ser humano como nós — não como nós em geral, mas com uma singularidade extraordinária, de ser infinitamente perfeito, exatamente aquilo que se compreende ser um ápice da evolução da espécie. Não, um homem desse só podia ser uma pessoa feliz, e uma pessoa feliz não pode deixar de sorrir, de rir, de brincar com seus amigos, de nadar em um rio ou em um mar, de almoçar e jantar, conversando coisas  naturais da vida, ou ir a festas, como fez nas Bodas de Caná.
 
            Pelos anos oitenta do século passado várias pessoas começaram a procurar também essa parte humana alegre de Jesus — ele que foi e é  a alegria de nossa vida, e  imensamente  da minha. E surgiu o livro que talvez vocês não conheçam, mas de que devem ter ouvido falar, de J. J. Benitez, “Operação Cavalo de Troia”. Foi um dos maiores “best-sellers” de todos os tempos, o primeiro a falar sobre um Jesus alegre. E todos os da minha geração que procuravam, como eu, a verdadeira face de um homem santo que  personifica o amor, o leram: o autor soube, magistralmente, descrever um ser humano alegre, que tinha também seus momentos de  tristezas, de recolhimento espiritual , de meditação, que praticava os atos de sua religião e da tradição do seu povo, que aceitava as imperfeições de todos e sempre procurava orientar aqueles que passavam perto de si. Trata-se de nove volumes, todos muito grandes, descrevendo o seu percurso, desde que se iniciou o seu sacerdócio, sendo que o último somente foi publicado o ano passado. Mas os oito primeiros foram avidamente lidos por milhões de pessoas em inúmeras edições, todas elas  esgotadas instantaneamente : a história, contada ficcionalmente, refere-se a uma pretensa operação de dois  cientistas, a mando de um Estado poderoso e adiantado cientificamente de nossos dias, que, em uma máquina do tempo especialmente construída para esse fim, em uma  missão altamente sigilosa, cognominada “Operação Cavalo de Troia”,  recua até a antiga Palestina, na época de Jesus, com a missão de colher o DNA de Jesus e  fazer um estudo completo desse ser  tão extraordinário e narrar sua verdadeira história.
            Outro livro que muito me serviu foi o de Mika Waltari, denominado  “O Segredo do Reino”, que narra as cartas de um  Oficial Romano que passa pelo Monte onde Jesus foi crucificado no instante em que  o mesmo, ainda na Cruz, tinha seus últimos momentos. Olham-se nos olhos, à distância, e ele fica impressionado com a fortaleza de espírito daquele homem, que, mesmo na terrível agonia tem tanto poder interior. E parte, então, em busca da sua história e consegue vê-lo em uma de suas inúmeras aparições após a sua Ressurreição, transformando-se, de um cético pagão, adepto de uma filosofia materialista  cínica de sua época, no seu fervoroso defensor e seguidor. E nos descreve um ser humano maravilhosamente perfeito, tanto na sua integridade, espiritualidade, quanto na sua personalidade, alegre e em paz.

            Meditei muito sobre esse aspecto de Jesus que os Livros Religiosos não contam e entendi, pelo meu conhecimento, após tanto tempo de experiência existencial sobre o ser humano (que também sou), que nenhum ser com tal perfeição possa deixar de ser feliz. E somente agora, com essa compreensão, é que pude, finalmente, deixar de sentir aquela dor no coração que senti desde os sete anos de idade, sempre que me lembrava do seu trágico fim. Ele certamente me entristece, mas não com a intensidade de sofrimento que eu padecia, sabendo que, apesar de Jesus conhecer o seu destino, Ele sabia da grandeza da obra que estaria levando a efeito e foi feliz porque a cumpriu.
            E então, hoje, esse é o Jesus que reside em meu coração e meus pensamentos: Aquele ser que nos mostrou que o homem deve evoluir espiritualmente, e ser capaz de amar incondicionalmente, e nesse amor encontrar a sua realização, porque, assim, estará trilhando o caminho que o levará às mais altas glórias sequer imagináveis por nós, pobres seres materialistas, que pensamos que as riquezas terrenas são as mais importantes. Mas  que não poderemos levar depois de mortos e também podem desaparecer com catástrofes naturais, como os tsunamis , ou catástrofes econômicas de uma sociedade inteira ou de um dos mais ricos homens , como tivemos ocasião de observar neste ano que ora passa. Ou, ainda, que os ladrões podem levar a qualquer momento.
 
5. CONCLUSÃO

                                 


          Nesse dia de hoje, que se convencionou comemorar a data do nascimento de Jesus Cristo, esteja ela de acordo ou não com o calendário gregoriano, presto-Lhe aqui a minha pequena homenagem, narrando a minha história com Jesus e em Jesus, a qual, em conjunto com as histórias individuais de todos os outros seres humanos vivos, existentes  ou mortos ou  que ainda irão nascer, escreverão a História  Humana — uma saga de  dores, alegrias, lutas, muitas derrotas, mas inúmeras vitórias, que nos têm levado  a muitas conquistas.
            E, ao invés de Lhe dar  um presente, faço-Lhe uma prece, pedindo  que, nesse dia maravilhoso para a Humanidade, Ele vele por nós e não nos deixe, como espécie, enveredar pelo caminho do ódio, da perversidade, e da autodestruição. Que, ao contrário, interceda por nós junto ao Pai para que todo esse momento terrível de violência, descrença, egoísmo, materialismo excessivo e desamor à Natureza, que agora impomos ao nosso Mundo, seja em breve superado por uma Luz  que desça à Terra e nos torne criaturas melhores.

            E, ao acender as luzes da minha Árvore de Natal, ao som do Messias de Handel, aproximando-me da mesa onde farei a frugal Ceia com os seres ainda vivos que mais amo neste mundo, e pensando amorosamente nos meus mortos queridos, envio-lhes meus votos para que sejam construtores  de Paz, de Amor e de Serenidade – porque se alcançarmos esses alvos, estaremos, certamente, dando-Lhe o melhor presente que poderíamos oferecer-Lhe, de todo o coração, de toda a alma.