UM AUTO
DE NATAL – COMO CONHECI JESUS
I - Introdução:
Quando conheci Jesus, conheci o verdadeiro amor.
Não aquele de que nos falam os poetas, os religiosos, ou os filósofos. Mas um
sentimento tão intenso e liberto de qualquer interesse, que por si só tem a
capacidade de se corporificar e de se transformar em um de nós para se dar a
nós. E somente um ser infinitamente superior a tudo o que nós conhecemos nesse
mundo dos sentidos a que estamos presos é capaz de realizar-se em sentimento
sem amarras e sem barreiras. Talvez por isso alguns o denominem de o “Deus de
Amor”.
Quando alguém se sente amado com um amor igual ao que
Jesus significa, não se conforma mais em sentir-se amado de outra forma e nem se
compraz em amar de outra forma que não seja essa — é justamente essa dupla via que procuramos buscar em nós e nos
outros e concluímos não sermos capazes
ainda de
proporcioná-la aos nossos próximos, assim como não conseguimos ainda encontra-la nos outros seres humanos os quais
conhecemos. E esse sentimento nos faz ter noção de quão inferiores somos e
quanto devemos evoluir para chegarmos a entender a felicidade e a paz que
obteremos em nosso Planeta, enfim, o paraíso na Terra, com que Ele nos acenou em seus vários ensinamentos,
especificando a forma de chegarmos até
lá, quando nos disse :
Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém
vem ao Pai a não ser por mim. (João, 14:6)
Hoje,
depois de muito ter vivido, presenciado e agido, consegui entender todo o
sentido de minha ansiedade para alcançar
o sentido da vida e que somente
poderia vê-la saciada através de um
conhecimento que não nos vem dos livros e das ciências que estudamos, mas da vivência desses conhecimentos na prática da vida:
assimilando a existência mais com o
coração do que com o cérebro, entendendo que o segundo é um instrumento capaz
de nos indicar formas de ação neste
nosso ambiente, para então podermos ter as necessárias experiências imateriais
para propostas de mudanças na visão de
um Supremo Bem que só pode existir entre
nós se cuidarmos o suficiente para alcança-lo — entendendo-se “suficiente”
como todo o necessário e possível que
possamos atingir de superior em nossa condição.
Em nossos dias, finalmente pudemos observar que o ser humano atual , o Homo sapiens, não é o produto final de
uma evolução, conforme o entendimento da Idade Média e que se consolidou na Idade Moderna, com o Renascimento da Cultura Clássica que nos guindou à categoria
de ser supremo na Terra, como corolário do Deus Supremo do Universo, para administrar todo o Cosmos. E isso
conseguimos com uma simples observação, advinda da descoberta do DNA (ácido desoxirribonucleico),
cuja pesquisa demonstrou a pequena diferença entre o nosso e o daquele de um
simples verme, de um cão, de um gato, de uma abelha, de um macaco, de um
crocodilo, para falarmos do reino animal, que conhecemos melhor do que os
outros.
Então tivemos também uma revelação sobre animais e
insetos sociais, que existem na Terra desde muitos milênios anteriores a nós, que
não têm mais evolução, em comparação conosco, segundo Darwin e sua teoria evolucionista
aceita pela maioria dos cientistas. Trata-se do seguinte:
No DNA de uma abelha já vem estabelecido todo o conhecimento de que
necessita para executar a função que a Natureza tridimensional em que vivemos
lhe exige. Ela já nasce com o conhecimento completo para tanto. Não necessita
de estudos, de indagações existenciais
ou de discussões sobre o que seja o
amor, a esperança e a caridade : apenas e tão somente porque ela já atingiu a
sua perfeição para a finalidade a que se destinou, através das inúmeras
experenciações de suas gerações anteriores.
No DNA de um ser humano vem estabelecida
tão somente a sua capacidade de aprender e um mínimo de conhecimento para os
primeiros dias, mais instintivos do que cognitivos. Sim, porque precisamos
acumular o conhecimento para podermos viver. E por que, se somos seres sociais,
assim como as abelhas? Tão somente porque necessitamos acumular as
experiências necessárias ao enriquecimento do nosso inconsciente coletivo, a
fim de que as próximas gerações possam agir de maneira mais eficaz para o fim
que a Natureza nos propôs, sem perder mais tempo com aprendizados, tão
necessários ainda em nossa iniciante fase evolutiva – se é que antevemos um
futuro grandioso, apesar de nosso presente apresentar-se vergonhoso. Talvez não
somente a Natureza existente neste Planeta tridimensional dominado pelo que se
pode entrever através de nossos sentidos, mas para uma finalidade maior, que os
religiosos denominam de perfeição espiritual,
os filósofos de meta de vida e, os cientistas, de evolução. Não sabemos ainda qual
é essa finalidade, mas, certamente não chegamos
ainda até lá, pois se tivéssemos
atingido a nossa perfeição, não necessitaríamos mais aprender.
Foi entendendo, finalmente, tudo isso, que consegui
alcançar a grandeza daqueles seres
humanos que vieram a esse mundo e
procuraram nos mostrar um caminho para
chegarmos a uma meta de perfeição tal que possamos empreender a atividade para a qual a nossa vocação foi
estabelecida. Mas somente o consegui utilizando-me do meu livre arbítrio em
desejar alcança-la ou não, independentemente de saber qual seja: de qualquer
sorte, se Aquele que estabeleceu o desenho de um DNA, seja
qual for a religião que
professemos, ou se formos apenas céticos
à procura de uma razão de existir, é certo que
somos impulsionados a uma escolha em direção a uma meta final. No meu caso específico, o
caminho que escolhi foi Jesus, isto é, a
procura da capacidade de amar, assim
como Ele nos ensinou — não o Jesus religião, não o Jesus homem, não o Jesus
Deus, mas o Jesus Mestre, que mostrou o que é o caminho, a verdade e a vida,
com o seu próprio exemplo, que nos
aproximará daquele paraíso que procuramos, aqui mesmo na Terra : junto ao nosso
Pai, ou seja, O que nos acolhe, que nos ama e que nos aguarda. Mas, para chegarmos até lá,
muito esforço deve ser dispendido.
2.
Como Jesus entrou em minha vida
Lembro-me, como se tudo
tivesse ocorrido hoje, dos fatos que abriram meu coração para o mundo. Eu tinha
seis anos de idade e foi um dia memorável e o seria para qualquer ser humano.
Minha família residia em Belo
Horizonte, e era dezembro. Meu pai era
um executivo de uma empresa financeira internacional e levávamos uma vida
agradável, sem riquezas, pois éramos da classe média, mas cercados de vizinhos e amigos. Eu e meus dois irmãos mais velhos, dois
rapazinhos, pois a diferença de idade entre mim e eles era grande, vivíamos com
a alegria de estarmos em um ambiente mental e espiritualmente sadio, recebendo
as lições de moral e ética de nossos pais, necessárias para a nossa vida como
adultos, estudando em bons colégios e frequentando locais de distração que nos
proporcionavam educação e entretenimento.
Naquele
dia eu carregava em meus braços duas bonecas: eram pequenas, mas eu as amava
muito, principalmente a que parecia um bebê. Uma fora do Natal do ano passado e
a outra do anterior. Eu e minha mãe estávamos no jardim, olhando para a rua,
uma ladeira tranquila, onde passavam poucas pessoas e viaturas. Foi quando eu
vi um casal e dois filhinhos, um menino e uma menina, todos maltrapilhos, que
pararam em uma das casas em frente e pediram uma ajuda. Eu nunca vira umas
pessoas naquele estado.
Então perguntei à minha mãe: “Por que eles estão vestidos
assim, com roupas rasgadas e estão pedindo ajuda? Por que se vestem assim e não
como nós?” E ela respondeu: “Lia, nem todas as pessoas têm condições de ter uma
casa e roupas como nós, pois, neste mundo, nem todas as pessoas conseguem
trabalho e dinheiro suficiente, como o seu pai, para manter uma família”. Então
olhei para eles e retorqui: “Mas por que eles não pedem ao “Papai Noel” para trazer
tudo o que precisam?” E ela, novamente com a sinceridade às vezes acre que lhe
era peculiar, mas que muito me serviu para conhecer e entender os fatos da
vida, respondeu: “Minha filha, já que você perguntou, é hora de você saber a
verdade, para que não fique pensando mal das coisas santas ou ilusões sobre o
que não existe: “Papai Noel” não existe, é uma criação da imaginação dos pais
para poderem ver seus filhos alegres com presentes que eles pensem que não
vieram desse mundo. Somos eu e o seu pai que sempre compramos os seus presentes
e ficamos felizes de ver sua felicidade. Nós já compramos a sua nova boneca,
para este Natal. Aquelas pessoas que você está vendo não têm dinheiro para
comprar presentes, coitados, nem roupas, nem comida – então não é culpa de “Papai
Noel”, mas das condições sociais que não lhes permitem ter uma vida boa como a
nossa”.
Aquela revelação de que “Papai Noel” não existia
deixou-me chocada. Mas, instantaneamente, senti uma dor no coração e o meu
cérebro conheceu uma verdade imaterial: a Justiça. E foi essa descoberta que não
entendi na ocasião, mas que ficou inculcada em meu ser e mais tarde dirigiu a
minha vida profissional e espiritual, que me fez responder: “Mamãe, mas eles
também tinham de ter condições de comprar os brinquedos e as roupas para os
filhos deles, eles são iguais à gente. Eu não quero mais as minhas bonecas, eu
vou dar todas elas a eles, vocês vão me dar outra, e eu vou ficar sempre lembrando
que eles não têm e eu tenho”. Saí correndo para dentro de casa e botei num
cesto que havia em meu quarto todas elas, inclusive aquele bebê, de que eu tanto
gostava.
Minha mãe correu
atrás de mim e me disse que eu desse somente a metade e não desse o bebê. Perguntei por que
e ela respondeu-me que Jesus disse para dividirmos, e, não, ficarmos sem nada,
tirou várias bonecas do cesto e foi ela mesma entregar as outras ao casal, que a essa altura batia à nossa
porta, dizendo para eles que era o
presente de Jesus no dia do seu nascimento, e lhes deu alguma quantia em
dinheiro — eu fiquei na janela, apenas observando de longe, com um sentimento
estranho, que não era nem alegria nem tristeza, apenas um vazio no coração. Eu não
compreendi na ocasião, mas ocorrera o que hoje em dia os psicólogos chamam de “a
perda da inocência”. Sim, eu chegara, então, à idade em que todos os seres
humanos, quer na infância, quer na idade adulta, ou até mesmo apenas em seu leito de morte, entendem
que a vida nesse mundo, conforme a fazemos, é injusta.
3.
Como conheci Jesus
Ouvi, então, pela
primeira vez falar de Jesus pela boca da minha mãe terrena, às vésperas de
Natal. Era muito criança, ainda. Nos dias que se seguiram, de festas, não tive
muito tempo de deter-me a pensar no assunto. Mas impressionou-me mamãe falar assim no nome daquela pessoa como
sendo uma grande autoridade que dissera para
dividir com o próximo e que se devia obedecê-lo. E eu, com a mente infantil,
talvez o substituindo pelo “Papai Noel” que morrera, obedeci-o, como uma grande
esperança para minha segurança pessoal: até porque, sendo a mãe e o pai as
autoridades máximas que até então conhecera, soube que existia uma ainda maior.
Mas, de vez em quando, voltava-me aquele nome à cabeça e
aquela frase que mamãe me disse que era
dele. Em janeiro do ano seguinte comecei a estudar a primeira série em um
colégio leigo, já tendo ido alfabetizada por ela, que era professora primária.
E não ouvi ali aquele nome nem o li nos livros que me entregaram para estudar.
E, sendo assim, minha curiosidade começou a ficar muito aguçada.
Não
era hábito em minha família fazer-se festa de aniversário, como não foi a vida
toda e nem mesmo nos dias de hoje o comemoro dessa forma. Não sei a razão, é
uma questão de hábito ou de costume, mas o certo é que se fazia sempre um grande
almoço, convidando-se os parentes mais chegados. E, ali em Belo Horizonte, não
possuíamos nenhum, pois todos estavam no Norte ou no Rio de Janeiro, para onde
nos mudamos cinco anos depois. Sendo assim, no dia do meu aniversário de sete
anos, em fevereiro, acabado o almoço, papai lendo na sala, os irmãos brincando
com coleguinhas, ficamos, eu e mamãe, na varanda. Foi quando lhe perguntei: “Mamãe,
quem é Jesus?” Ela, então, fez uma breve narrativa da sua história, adaptada
naturalmente para a minha idade, sem qualquer conotação religiosa, até porque
ela e papai haviam combinado não interferir
nas escolhas religiosas dos filhos, embora lhes dessem uma educação de
princípios cristãos, como de fato eles eram.
No início, fiquei muito alegre, escutando sobre os pais
de Jesus, seu nascimento cercado de acontecimentos extraordinários, as mais
belas frases que a Bíblia nos traz dele, que ela dizia de maneira a que eu
compreendesse. Mas quando chegou a parte da traição de Judas, fiquei muito
triste e comecei a interromper, perguntando sempre o “por que” de tudo o que
ocorria. E, quando chegou ao clímax de sua condenação e morte, eu estava chorando,
um pranto sofrido, vindo do fundo do coração, com as lágrimas saltando dos
olhos aos borbotões. Mamãe passou logo para a ressurreição, mas, na verdade,
nem escutei direito e nem mesmo entendi. Meu pai, ouvindo o meu pranto, veio
ver o que se passava e eu então, entre lágrimas perguntei a ele: “Por que um
homem tão bom, que só amava as pessoas sofreu tanto?” Ele respondeu-me que eu
era muito nova para entender aquilo, mas que eu me lembrasse sempre de que, por causa dele, nós evoluímos muito como
seres humanos e já podíamos ter muita
coisa boa, mas que era preciso que eu, quando crescesse, também fizesse a minha
parte de bem neste mundo, para um dia me encontrar com ele. Fiquei então mais
conformada, diante da ideia de que algum dia poderia encontrar aquela pessoa
tão maravilhosa. E foi aí que me apaixonei perdidamente por Jesus e procurei
estudar e ler tudo o que havia a seu
respeito. E depois, quando fiquei adulta, adotei-o como meu Mestre (não sei se
algum dia merecerei que ele me adote como discípula, mas faço tudo, desde
então, para merecer tamanha honraria e felicidade).
4.
O meu Jesus de hoje
Como vocês já devem ter concluído, sou cristã. Em minha espiritualidade, encontrei o
ecumenismo e, em outras religiões que estudei, encontrei princípios maravilhosos
capazes de fazer melhorar o espírito humano e encaminhá-lo para um bem
superior. Também entre céticos e ateus que conheci reconheci em seus
pensamentos e seus modos de proceder princípios de elevada espiritualidade que
eles negam mas, com certeza praticam porque se acostumaram, nos meios onde
conviveram, a escutá-los e segui-los, mesmo que não soubessem de onde partiam.
Mantive amizade com duas pessoas declaradamente ateias, junto às quais estive
em ocasiões próximas a suas mortes e, nesses momentos, antevendo o seu fim,
pude escutar de uma delas a frase: “Deus tenha piedade de mim” e, da outra, a
afirmação de que passara a vida negando sempre Deus, mas que negava apenas
aquele ser personificado como imagem e semelhança nossa, mas que agora, em seus
momentos finais , e sabendo que eu a compreenderia, afirmou-me que existe sim,
um Deus Absoluto, que não tem forma nem temos condições mentais ainda de
entender, mas o seu grande desejo era de um dia unir-se a Ele, e que deixava
essa informação como um presente de sua partida.
Enquanto li os
livros religiosos, tive a ideia de Jesus ser um homem com um aspecto sério, que
vivesse exclusivamente dentro das
próprias palavras que pronunciava e,
assim, venerei-o como se venera alguém
inatingível e a quem se deve dirigir palavras e pensamentos em momentos de grande meditação e seriedade.
Mas eu achava que essa definição do homem que ele foi não podia condizer com a
realidade, porque uma pessoa assim só poderia ser feliz, a não ser que só se lembrasse de como seria o seu fim. E
como o seu fim seria trágico, certamente seria uma pessoa triste. Mas a própria
Bíblia nos conta que ele teve uma vida humana, antes e depois de iniciar o seu
sacerdócio, de escolher seus discípulos. E foi assim que procurei em todas as
partes, em livros e em narrativas de evangelhos não constantes do Livro
Sagrado, ter uma descrição de sua personalidade,
pois era um ser humano como nós — não como nós em geral, mas com uma
singularidade extraordinária, de ser infinitamente perfeito, exatamente aquilo
que se compreende ser um ápice da evolução da espécie. Não, um homem desse só
podia ser uma pessoa feliz, e uma pessoa feliz não pode deixar de sorrir, de
rir, de brincar com seus amigos, de nadar em um rio ou em um mar, de almoçar e jantar,
conversando coisas naturais da vida, ou
ir a festas, como fez nas Bodas de Caná.
Pelos anos oitenta do século passado várias pessoas
começaram a procurar também essa parte humana alegre de Jesus — ele que foi e é
a alegria de nossa vida, e imensamente da minha. E surgiu o livro que talvez vocês
não conheçam, mas de que devem ter ouvido falar, de J. J. Benitez, “Operação
Cavalo de Troia”. Foi um dos maiores “best-sellers” de todos os tempos, o
primeiro a falar sobre um Jesus alegre. E todos os da minha geração que
procuravam, como eu, a verdadeira face de um homem santo que personifica o amor, o leram: o autor soube,
magistralmente, descrever um ser humano alegre, que tinha também seus momentos
de tristezas, de recolhimento espiritual
, de meditação, que praticava os atos de sua religião e da tradição do seu
povo, que aceitava as imperfeições de todos e sempre procurava orientar aqueles
que passavam perto de si. Trata-se de nove volumes, todos muito grandes, descrevendo
o seu percurso, desde que se iniciou o seu sacerdócio, sendo que o último somente
foi publicado o ano passado. Mas os oito primeiros foram avidamente lidos por
milhões de pessoas em inúmeras edições, todas elas esgotadas instantaneamente : a história,
contada ficcionalmente, refere-se a uma pretensa operação de dois cientistas, a mando de um Estado poderoso e
adiantado cientificamente de nossos dias, que, em uma máquina do tempo especialmente
construída para esse fim, em uma missão
altamente sigilosa, cognominada “Operação Cavalo de Troia”, recua até a antiga Palestina, na época de
Jesus, com a missão de colher o DNA de Jesus e
fazer um estudo completo desse ser
tão extraordinário e narrar sua verdadeira história.
Outro livro que muito me serviu foi o de Mika Waltari,
denominado “O Segredo do Reino”, que
narra as cartas de um Oficial Romano que
passa pelo Monte onde Jesus foi crucificado no instante em que o mesmo, ainda na Cruz, tinha seus últimos
momentos. Olham-se nos olhos, à distância, e ele fica impressionado com a
fortaleza de espírito daquele homem, que, mesmo na terrível agonia tem tanto
poder interior. E parte, então, em busca da sua história e consegue vê-lo em
uma de suas inúmeras aparições após a sua Ressurreição, transformando-se, de um
cético pagão, adepto de uma filosofia materialista cínica de sua época, no seu fervoroso defensor
e seguidor. E nos descreve um ser humano maravilhosamente perfeito, tanto na
sua integridade, espiritualidade, quanto na sua personalidade, alegre e em paz.
Meditei muito sobre esse aspecto de Jesus que os Livros
Religiosos não contam e entendi, pelo meu conhecimento, após tanto tempo de experiência existencial sobre o ser humano (que
também sou),
que nenhum ser com tal perfeição possa deixar de ser feliz. E somente agora,
com essa compreensão, é que pude, finalmente, deixar de sentir aquela dor no
coração que senti desde os sete anos de idade, sempre que me lembrava do seu
trágico fim. Ele certamente me entristece, mas não com a intensidade de
sofrimento que eu padecia, sabendo que, apesar de Jesus conhecer o seu destino,
Ele sabia da grandeza da obra que estaria levando a efeito e foi feliz porque a
cumpriu.
E então, hoje, esse é o Jesus que reside em meu coração e
meus pensamentos: Aquele ser que nos mostrou que o homem deve evoluir
espiritualmente, e ser capaz de amar incondicionalmente, e nesse amor encontrar
a sua realização, porque, assim, estará trilhando o caminho que o levará às
mais altas glórias sequer imagináveis por nós, pobres seres materialistas, que
pensamos que as riquezas terrenas são as mais importantes. Mas que não poderemos levar depois de mortos e
também podem desaparecer com catástrofes naturais, como os tsunamis , ou
catástrofes econômicas de uma sociedade inteira ou de um dos mais ricos homens
, como tivemos ocasião de observar neste ano que ora passa. Ou, ainda, que os
ladrões podem levar a qualquer momento.
5.
CONCLUSÃO
Nesse dia de hoje, que se
convencionou comemorar a data do nascimento de Jesus Cristo, esteja ela de
acordo ou não com o calendário gregoriano, presto-Lhe aqui a minha pequena homenagem,
narrando a minha história com Jesus e em Jesus, a qual, em conjunto com as histórias individuais de todos
os outros seres humanos vivos, existentes ou mortos ou que ainda irão nascer, escreverão a
História Humana — uma saga de dores, alegrias, lutas, muitas derrotas, mas
inúmeras vitórias, que nos têm levado a
muitas conquistas.
E, ao invés de Lhe dar
um presente, faço-Lhe uma prece, pedindo
que, nesse dia maravilhoso para a Humanidade, Ele vele por nós e não nos
deixe, como espécie, enveredar pelo caminho do ódio, da perversidade, e da autodestruição.
Que, ao contrário, interceda por nós junto ao Pai para que todo esse momento
terrível de violência, descrença, egoísmo, materialismo excessivo e desamor à
Natureza, que agora impomos ao nosso Mundo, seja em breve superado por uma
Luz que desça à Terra e nos torne
criaturas melhores.
E, ao acender as luzes da minha Árvore de Natal, ao som
do Messias de Handel, aproximando-me da mesa onde farei a frugal Ceia com os
seres ainda vivos que mais amo neste mundo, e pensando amorosamente nos meus
mortos queridos, envio-lhes meus votos para que sejam construtores de Paz, de Amor e de Serenidade – porque se
alcançarmos esses alvos, estaremos, certamente, dando-Lhe o melhor presente que
poderíamos oferecer-Lhe, de todo o coração, de toda a alma.